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Adidas e Nike travam duelo pela primeira maratona corrida abaixo de duas horas

Na Vitrine

26/02/2017 10h21

(Crédito: AP/Markus Schreiber)

É possível correr os 42,195 km da maratona em menos de duas horas? Muita gente acha que, atualmente, não. Mas as duas maiores marcas esportivas do planeta teimam em contestar essa afirmação. Tanto que Adidas e Nike, separadamente, criaram projetos para ver corredores completando uma maratona em menos de duas horas no futuro próximo.

Primeiro, aos fatos. Hoje, o tempo mais rápido já cronometrado na distância é 2 horas, 2 minutos e 57 segundos (do queniano Dennis Kimetto, na foto acima). Para um leigo, cortar pouco menos de três minutos em um tempo de duas horas pode parecer muito, mas não é.

A Runners World, uma das revistas mais respeitadas do universo das corridas, por exemplo, analisou o desafio. O corte necessário é de quase 2,5% no tempo total. Pense nos 100 m rasos. Com o recorde atual de Usain Bolt em 9s58, o jamaicano precisaria correr em exatos 9 segundos para atingir o feito.

Mas como as duas empresas estão tentando superar esse desafio?


Adidas e o programa Sub2

Wilson Kipsang, vencedor da Maratona de Tóquio-2017 (Crédito: REUTERS/Toru Hanai)

Na semana passada, a marca alemã lançou um tênis, o Adizero Sub2. Foi a primeira vez que um tênis foi lançado por uma das duas rivais como "produto idealizado para correr uma maratona em menos de duas horas".

A base das inovações é o peso. A Adidas aposta em uma nova tecnologia, a Boost Light, "material de amortecimento mais leve" e que "mantém o retorno de energia líder da indústria". Além disso, a "parte superior do Sub2 é feita de uma única camada de tecido ultraleve, com uma malha de peso reduzido com reforços internos e Microfit avançado", além de sola de microfibra desenvolvida em parceria com a Continental (aquela dos pneus), que "oferece máxima aderência, independente das condições de corrida".

Novamente usando a Runners World, a marca chegou até mesmo a colocar o seu logo no tênis apenas pintado, para poupar peso. Segundo o comunicado, com as novas tecnologias se alcançou uma economia de 100 gramas em peso – pensando que os tênis mais leves do mercado atualmente pesam cerca de 300 gramas, é um feito impressionante.

Ainda segundo o comunicado, o projeto Sub2 da Adidas tem três pontos importantes:

  1. Pesquisas independentes na área de ciência do esporte mostram que a tecnologia Boost pode fornecer uma melhoria de um por cento na economia de corrida.
  2. A redução de peso total de 100 gramas proporciona uma melhoria adicional de um por cento na economia de corrida
  3. A sola de borracha continental oferece mais aderência e menos deslizamento, o que significa que os atletas só correm o máximo que precisam.

O primeiro teste do projeto foi feito pelo queniano Wilson Kipsang na Maratona de Tóquio, neste domingo. E, antes que você pergunte, não, ele não correu a prova em menos de duas horas. Mesmo assim, seu resultado foi impressionante. Ele venceu a prova em 2h03min58s, a 12ª melhor marca da história e a maratona mais rápida já corrida na Ásia.

O maior trunfo da Adidas, porém, ainda não correu em 2017: o recordista mundial da distância, o também queniano Dennis Kimetto.


Nike e o Breaking2

Lelisa Zersenay, Eliud Kipchoge e Zersenay Tadese

A abordagem da Nike é diferente. Enquanto a Adidas faz pesquisas e desenvolve produtos para o objetivo, sua rival norte-americana resolveu englobar todos os aspectos do desafio e, ainda, colocar um prazo para isso. O objetivo é ver um corredor completando os 42km em 1h59min59s ou menos até 31 de dezembro.

Para isso, foram selecionados três maratonistas do grupo de atletas patrocinados com potencial para isso: Eliud Kipchoge, atual campeão olímpico, Zersenay Tadese, recordista mundial da meia-maratona (58min23s), e Lelisa Sesisa. Os três estão sendo acompanhados por um grupo de 14 especialistas. São engenheiros, designers, biomecânicos, nutricionistas, fisiologistas e desenvolvedores de materiais que estão pensando em como cortar tempo dentro das duas horas.

 

Segundo a Nike, "em seu trabalho, os membros dessa equipe criaram uma série de pontos de contato para os próximos meses, que incluem reuniões presenciais e sessões regulares por telefone/Skype. As visitas aos locais de treinamento de atletas – no Quênia, na Etiópia e na Espanha – trazem oportunidades de avaliação para otimizar as rotinas dos três corredores. Lá, a equipe avalia (entre muitas coisas) hidratação, nutrição, carga de treinamento e o período pré-maratona".

Mais do que isso, porém, quem revela é (mais uma vez) a Runner's World: a Nike não está buscando, necessariamente, a maratona abaixo de duas horas em uma prova de rua tradicional. Existe a chance de ser criado um evento especialmente para isso, em um percurso ideal, na época do ano ideal e com as condições climáticas ideais. É por isso que o trio de corredores escolhidos não está participando do circuito de corridas de rua mundial em 2017 –de onde os atletas tiram o dinheiro que os sustenta pela temporada.

Fazendo isso, é provável que a prova da Nike não conte como recorde mundial. O objetivo da marca, porém, é mostrar que o feito é possível e incentivar outros a fazer o mesmo.

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