Uma versão republicana da camisa do Real gerou confusão jurídica na Espanha

O que define uma camisa de futebol de um clube? As cores? O escudo? Ou simplesmente o conceito? Essa discussão aconteceu nos últimos meses em tribunais espanhóis envolvendo o time mais vitorioso da Europa, o Real Madrid.

Nesta semana, a justiça espanhola autorizou a venda de uma versão republicana da camisa do Real Madrid, feita por uma marca independente chamada 198. O produto custa cerca de 40 euros e parece com um uniforme retrô do Real. Mas só parece.

A camisa é branca com detalhes em roxo, lembrando o uniforme merengue. O escudo, porém, não conta com a coroa, o símbolo do Real Madrid – para quem não fez a associação, o real do nome é, sim, uma alusão à coroa espanhola. A polêmica está no centro: ele é idêntico ao escudo do Real, com as letras M, C e F, de Madrid Club de Fútbol.

O uniforme, segundo a fabricante, faz parte de uma campanha contra o futebol moderno e de apoio à república espanhola. Tanto que a bandeira republicana, junto com a frase "Não ao futebol moderno", aparece nas costas da camiseta.

Segundo o site do diário As, o veredito fala que a camisa em questão é uma "peça fictícia que pretende difundir os valores da república" e "não existe semelhança nem risco de confusão com os produtos oficiais do Real Madrid ou com o escudo registrado".

Ou seja: para o juiz, a simples retirada da coroa faz o escudo do Madrid Club de Fútbol ser, efetivamente, distinto daquele usado pelo Real Madrid Club de Fútbol. Também ao As, o Real afirmou que "não se trata de uma paródia ou reivindicação política, mas um negócio às custas do Real Madrid".

O escudo que o Real modificou para o mercado árabe, sem a cruz

Ironicamente, o próprio Real já alterou seu escudo por motivos comerciais: no começo do ano, o clube confirmou que tirou a cruz de Castila, que fica justamente em cima da coroa polêmica, dos produtos vendidos no mercado árabe. Desta vez, a justificação era religiosa, não política.