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Coritiba estuda lançar linha própria de material esportivo

UOL Esporte

22/03/2018 15h47

Com o contrato com a Adidas prestes a se encerrar a partir do meio do ano, e sem perspectiva de renovação, o Coritiba estuda seguir os passos de Paysandu, Santa Cruz e Fortaleza e lançar sua própria marca de uniformes. Segundo apurou o UOL Esporte, as negociações começaram no Carnaval e o Coxa pode lançar a ideia ainda para a Série B deste ano. A fabricante seria a mesma do Paysandu, primeiro a implementar a ideia no País sob o selo "Lobo": a Bomache, de Fortaleza.

"O projeto de marca própria é de nossa especialidade. Apresentei o projeto para eles. Eles têm um contrato em andamento com a Adidas e não será rompido. É algo muito inicial", contou Alexandre Dalla, gerente da empresa, "Ele (o Coritiba) vai trabalhar a marca própria. Um clube tem patrimônio, como estádio, sede… e isso é um patrimônio intelectual, e nós temos expertise em desenvolver essa marca. O clube vai para o varejo, com sistema de franquias, com lojas oficiais. A marca é dele. Nós fazemos uma grife pro clube."

O Coritiba entende que, por ser um clube de alcance regional, vê a margem de lucro com a venda de camisas ser muito reduzida ao estabelecer parceiros. O clube também teve problemas com duas das últimas fornecedoras: a própria Adidas e, antes, a Netshoes-Nike. Os acordos previam entregas de uniformes para todas as categorias do clube e os resultados não foram considerados satisfatórios, de acordo com o que a reportagem ouviu. Além disso, a Adidas não teria demonstrado interesse em seguir com o Coritiba.

Desta forma, a solução seria estabelecer um controle próprio de fabricação e comercialização dos uniformes, tendência entre os clubes médios. No modelo idealizado, os clubes tiram o intermediário da grife na relação das vendas. O próprio clube é o responsável pela relação com lojistas e lojas próprias. Negociam com a fábrica e a partir do que ele investiu, pode estipular o preço e ter uma margem maior de lucro.

"Um clube de Série A, que quer uma camisa melhor que as da Nike, tem um preço. Tecidos são commodities, qualquer um tem acesso. Vai de cada um querer ou não ousar mais. Uma marca esportiva é amarrada a licenças", relatou Dalla, "O Santa Cruz, que se intitula um clube do povo, queria uma camisa com ponto de venda de R$ 179. Fizemos três camisas: a de varal, a R$ 99, a da torcida, nesse preço, e a game, de R$ 239, que é a que o jogador usa – e é o que vende mais."

Com marcas como a Adidas, os clubes tem um percentual pequeno de lucro. A maioria dos royaties pagos pelas fornecedoras é repassado em mais material, para todas as categorias dos clubes. Em média, conforme o UOL Esporte apurou no mercado, a cada 100 reais o clube ganha R$ 15 no preço de custo; com o controle o clube pode ganhar 50, 60 reais do valor, já que considera o valor do investimento e depois define a maneira de precificar.

No pacote, estariam incluídos uniformes de treino para todas as categorias. O clube, considerado de alcance local, não carece de distribuição nacional. A negociação consiste em repasse de royalties, já que a instituição é sem fins lucrativos, mas os repasses com a marca própria são de 25% a 35%, conforme acordo, usando a empresa, que tem o expertise. No comparativo, marcas consagradas repassam 10% em média.

modelo paysandu - Divulgação/Paysandu - Divulgação/Paysandu
Modelo em lançamento da linha Lobo, do Paysandu: gestão própria da marca
Imagem: Divulgação/Paysandu

Em 2017, o Paysandu anunciou arrecadação de cerca de 9 milhões de reais com a iniciativa Lobo em seu primeiro ano – uma média de R$ 700 mil em vendas de camisas por mês.

O Coritiba ainda deverá implementar um departamento para tocar o projeto, terceirizado com a Bomache, para fazer não só o controle da fabricação, mas também a relação comercial. A ideia já vem sendo apresentada a sócios e em breve deve ser levada ao conselho. Um dos colaboradores do projeto é André Mazzuco, hoje executivo de futebol do Paysandu, e que trabalhou por 7 anos no Coxa. Ele aproximou as diretorias para a troca de experiências.

Por Napoleão de Almeida
Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

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