"Arde no bolso": Sem patrocínio, atletas têm que comprar chuteira própria
Não é só o atleta de final de semana que precisa comprar a chuteira. Até jogador de série B tem que tirar do próprio bolso para comprar o calçado. Wallace, atacante do Fortaleza, surpreendeu o técnico Rogério Ceni na última semana ao revelar que possuía apenas uma chuteira para jogar.
Os clubes não consideram calçar os pés de um atleta uma de suas responsabilidades. Logo, os jogadores recebem camisa, calção e meião, mas precisam dar um jeito de conseguir sua própria chuteira.
E o jeito é variado: tem empresário que colabora e até vendedor que aproveita o fim dos treinos para oferecer chuteiras a preços mais baixos.
"Arde no bolso do empresário. Por isso que tem que pegar só jogador diferenciado. No caso do jogador diferenciado, a empresa de material esportivo já vem louca para querer patrocinar", explica Will Dantas, agente do atacante Pedrinho, promessa do Corinthians.
O problema do camisa 30 foi resolvido logo nas categorias de base. Uma das estrelas das equipes jovens do Corinthians, o atacante fechou um acordo com a Nike. "O Pedrinho sempre foi humilde, nunca me cobrou chuteiras caras, mas tem uns que querem chuteira de R$ 1,5 mil, R$ 2 mil. E são justamente aqueles que não vingam. O clube não fornece nada. Fornece só o material de treinar. O resto quem tem que se virar é o jogador", completa Dantas.
Em alguns clubes, há uma cota de chuteiras para os jogadores que não possuem um acordo pessoal. No São Paulo, por exemplo, se um atleta chegar sem o calçado poderá pegar um da Under Armour, fornecedora do clube, como cortesia. Por ser um dos principais times do país, isso acaba sendo raro. Nenhum jogador do elenco são-paulino está sem acordo com alguma marca.
Betão usa chuteiras dadas pelo clube
O Avaí estava na primeira divisão do Campeonato Brasileiro até o ano passado. Ainda assim, não mais que 15% de seus jogadores possuem acordos pessoais. Um deles é o experiente zagueiro Betão, que utiliza os calçados disponibilizados pela Umbro, fornecedora de material esportivo do clube.
"Ele começou a usar a chuteira do clube, mas não tem contrato algum com a Umbro. Ele gosta, acha que atende as expectativas dele", explica Agnello Gonçalves, gerente de futebol do Avaí. "Por ele começar a usar a chuteira, a Umbro mandou duas para ele em uma qualidade melhor do que a gente recebe".
O acordo do Avaí com a Umbro prevê uma cota de chuteiras para as categorias de base e para o time profissional. Como são poucos os calçados requeridos pelo time de cima, o material acaba repassado para atletas em formação, que normalmente possuem condições financeiras piores.
Uma situação distinta acontece no Atlético-GO. Também rebaixado para a Série B no ano passado, a equipe não possui uma cota de chuteira para seus atletas. Em todo seu elenco, nenhum jogador tem acordo com alguma marca. Resta, então, tirar do próprio bolso para ter um calçado para entrar em campo.
Os valores variam muito, mas uma chuteira simples de campo pode ser encontrada por pouco menos de R$ 200. Caso a condição financeira seja boa, o jogador tem a possibilidade de desembolsar quase R$ 2 mil para adquirir um dos calçados top de linha.
Neymar tem relação de amizade com funcionário de patrocinador
Os acordos das marcas com jogadores são variados. Nos casos mais extremos, como o de Neymar, o fornecimento vira amizade. A Nike mantém contato com o jogador do PSG por meio do catalão Álvaro Costa. Hoje em dia, ele compõe o elenco do "Tois", grupo de amigos que constantemente está junto com o atacante.
A confecção das novas chuteiras da Nike conta com o auxílio de Neymar. O atacante é constantemente consultado e dá suas opiniões sobre design, solado e cores dos modelos que serão usados por ele nos gramados pelo mundo.
Parceria parecida tem Cristiano Ronaldo (Nike) e Lionel Messi (Adidas). A dupla possui modelos de chuteiras com seus próprios nomes.
A relação próxima existe, basicamente, com os atletas de elite. Na maioria dos casos, os demais jogadores patrocinados recebem um voucher para trocarem por chuteiras nas lojas físicas ou virtuais das empresas. Em alguns casos, os produtos vão direto para a casa deles.
Confira os preços das principais chuteiras nas lojas oficiais:
Brunno Carvalho*
Do UOL, em São Paulo
*Colaboraram Diego Salgado, Thiago Fernandes e João Henrique Marques
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