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Lembra dela? Poker deixou camisas e hoje domina luvas de goleiro no Brasil

UOL Esporte

22/08/2018 10h54

Sidão usa luvas da Poker. E não é o único no Brasileirão (Crédito: Ale Cabral/AGIF)

Na virada do século XX para o século XXI, a Poker vestia algumas equipes de relativo destaque no cenário nacional, como América-MG, Tuna Luso, Figueirense e Brasil-RS – o time mineiro vestia a marca, por exemplo, na conquista da Copa Sul-Minas de 2000. Desde então… Sumiu?

Não. A Poker continua bastante presente, inclusive na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Só que é necessário olhar com atenção para vê-la em campo.

(Crédito: América-MG/Site oficial)

Hoje, a Poker deixou de lado a fabricação de uniformes para times profissionais de futebol. O foco da marca é o desenvolvimento de luvas de goleiros. Segundo levantamento da marca, 55% dos goleiros da Série A usam suas luvas. Na Série B, o número chega a 60%. Goleiros como Sidão (São Paulo), Jailson (Palmeiras), Vanderlei (Santos), Danilo Fernandes (Internacional), Jandrei (Chapecoense), Wilson (Coritiba) e Aranha (Avaí), por exemplo, trabalham com a marca.

De acordo com Frêdi Cauduro, diretor industrial e comercial da Poker, a mudança foi parte de uma estratégia da empresa para encarar o mercado em meio à entrada de rivais internacionais no futebol nacional.

"No início, a gente era uma marca amadora para o praticante do futebol. Na época, por ser uma marca amadora para o praticante do futebol, a gente patrocinava alguns clubes médios. Esses clubes, em cada estado, a gente patrocinava justamente penetrando dentro do que ela tinha perfil naquela época", contou Cauduro por telefone ao UOL Esporte.

"Em pesquisas uns 15 anos atrás, nós vimos que o mundo – não só esportivo – iria para marcas mundiais. Todo mundo quer comprar de algo que tu tens garantia. Eu fazia muito essa parte de pesquisa e trouxe isso para a gente. Vi com meu irmão que era a hora de a gente virar a chave, de sair do amador e ir para o profissional. Debatemos naquele momento o tamanho da empresa contra as grandes empresas que iam entrar no esporte brasileiro", completou.

Foco no mercado de luvas de goleiros

Fundada na década de 1980 pelos irmãos Frêdi e Rogério Cauduro, a empresa concentra suas operações hoje na cidade de Montenegro (RS), região metropolitana de Porto Alegre. Para Frêdi, o "ponto de virada" veio quando a empresa percebeu que poderia enfrentar a concorrência em um nicho no qual já trabalhava: as luvas de goleiros.

"Começamos a olhar produtos dentro do material esportivo onde a gente conhecia alguma coisa. Olhamos para luvas. Existia a Reusch e a Uhlsport. Essas duas empresas atendiam grandes goleiros nacionais e mundiais, mas não tinham fartura de produtos a esses goleiros", afirmou Frêdi. "Tínhamos um conhecimento de luvas – nossa empresa era, uns anos atrás, a licenciada Reusch no Brasil. A gente tinha essa expertise que tinha aprendido com eles também".

Então, segundo o diretor da marca, surgiu a proposta de "trazer algo que não existia", conversando com goleiros para analisar detalhes a melhorar em cada modelo de luva. A partir das opiniões de jogadores como Marcos, Clemer, Danrlei e Galatto, entre outros, surgiram os primeiros modelos da marca após a mudança de estratégia.

(Crédito: Divulgação)

Volta aos uniformes? Pode acontecer, mas…

Hoje, a Poker desenvolve luvas com uma cadeia de produção internacional que conta com 700 empregados diretos e indiretos. A empresa vende anualmente 1,8 milhões de itens, sendo 300 mil pares de luvas de goleiros, tanto os modelos profissionais quanto os modelos de treino. E a ideia é crescer.

"Nosso plano para 2022 é dobrar o faturamento anual. Como a gente vai fazer isso? Através da ampliação da linha de goleiros. Apesar de nosso market share chegar, acredito eu, a 50% ou 60% do mercado brasileiro, a gente tem potencial de crescer mais. Mas a grande meta de ser perseguida é – através desse conhecimento grande no nicho do goleiro, nunca deixando a concorrente de lado – ser conhecido como uma marca multiesportiva. Estamos entrando na natação, nos caminhos de bike, e outros caminhos semelhantes a esses. O que a gente vislumbra? Se a gente se inserir como mais uma marca multiesportiva, a gente entende que consegue ampliar o leque de outras linhas", conta Frêdi Cauduro.

(Crédito: Divulgação)

E a aposta nas camisas de futebol? Pode até acontecer, diz o diretor da Poker, mas não antes de 2022. As próximas etapas são a internacionalização da empresa. Por enquanto, a Poker já está presente entre goleiros do Uruguai e da Argentina. Depois, quer chegar a Chile, Paraguai e México, partindo no futuro para Estados Unidos e Europa.

"Existem coisas antes (dos uniformes de futebol) que a gente entende como caminho. Não está descartado que, depois de 2022, venha a acontecer também um reforço da marca para esses clubes da primeira divisão, porque isso ajuda muito", afirma.

Emanuel Colombari
Do UOL, em São Paulo

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