Por que as camisas da seleção feminina carregam as estrelas da masculina?
A Nike lançou durante a semana a coleção exclusiva para as seleções femininas que patrocina, às vésperas da disputa de mais uma Copa do Mundo. Além da linha de uniformes destinados às mulheres, a empresa e cada federação valorizaram apenas as conquistas das mulheres, como os Estados Unidos com seus três títulos mundiais (1991, 1999 e 2015). Há, no entanto, uma exceção: o Brasil, que vai carregar o pentacampeonato dos homens no peito.
A equipe comandada por Oswaldo Alvarez, o Vadão, buscará o primeiro título de Copa do Mundo, mas carrega a sombra do time masculino no próprio uniforme. A justificativa apresentada diz que as cinco estrelas são registradas na marca oficial da Confederação Brasileira de Futebol e não podem ser desassociadas. Federações como a inglesa e francesa, contudo, afastaram as glórias masculinas no uniforme exclusivo das mulheres.
Em explicação dada após consulta do UOL Esporte, a CBF afirma que o símbolo com as estrelas representa toda a Confederação Brasileira de Futebol. O pentacampeonato é utilizado em "qualquer circunstância" e registrado como marca oficial da entidade responsável por comandar o futebol brasileiro.
A reportagem questionou a CBF se, em caso de conquista de Marta e companhia, uma sexta estrela seria inserida no símbolo institucional. "Não trabalhamos com hipóteses", manifestou a organização por intermédio da assessoria de imprensa.
A Nike, responsável por fabricar os uniformes separados em relação às outras seleções, também se posicionou sobre esta questão. A empresa americana atribuiu a responsabilidade para a CBF, em curto comunicado enviado ao UOL Esporte na noite de ontem (11).
A fornecedora do material esportivo lançou os uniformes das 14 equipes que patrocina em grande festa ocorrida em Paris. Tanto a camisa amarela quanto a azul já estão disponíveis à venda no site oficial da Nike. A versão de jogo custa R$ 449,00, enquanto a de torcedora R$ 249,90.
Adidas também se afasta do futebol masculino
A Adidas também lançou nesta semana os uniformes para a Copa do Mundo de 2019 e repetiu a tendência ignorada pelo CBF: restringir as conquistas das mulheres para as camisas dos times femininos. A Alemanha, tetracampeã entre os homens, carrega as duas estrelas dos títulos mundiais conquistados pelas mulheres (2003 e 2007).
Já a Espanha, campeã do mundo com gol de Andreas Iniesta em 2010, vai com o símbolo da federação limpo para a competição na França, já que a equipe feminina ainda não chegou ao título mundial.
A Copa do Mundo de 2019 será disputada entre 7 de junho e 7 de julho na França. O Brasil, com vestimenta nova e conquistas antigas no peito, estreia contra a Jamaica no dia 9, a partir das 15h30 (de Brasília). Austrália e Itália completam a chave da seleção (C) na primeira fase.
Opinião das dibradoras
Por Renata Mendonça
A seleção brasileira de futebol feminino já jogou Copa do Mundo com uniforme emprestado do masculino. Por muito tempo, as jogadoras sequer podiam levar seus uniformes para casa, era preciso devolver à CBF. Então, é claro que ter um uniforme pensado para elas exclusivamente é uma conquista. E, como uniforme delas, deveria estampar no peito as conquistas delas, e não dos homens.
É uma reclamação legítima essa que se faz. Mas diante do cenário atual da seleção brasileira, ainda acreditamos que essa seja uma 'briga' que ainda não mereça prioridade. Quando a seleção tiver um comando técnico digno, quando ela tiver mulheres atuando em postos de decisão do futebol feminino ali na CBF, aí sim essa se tornará uma questão prioritária.
Hoje, acredito que nossa luta é para que a seleção feminina tenha o respeito e tratamento que merece, com cobranças em cima da comissão técnica, da coordenadoria, e dos homens que estão no comando para que garantam o desenvolvimento da modalidade.
Enquanto o futebol feminino tem evoluído lá fora e até mesmo internamente com os clubes no Brasil, na seleção o cenário que se vê é de retrocesso.
José Edgar de Matos
Do UOL, em São Paulo (SP)
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