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Como única bola brasileira padrão Fifa é produzida no interior da Bahia

UOL Esporte

16/06/2018 04h00

A única bola com padrão da Fifa feita por uma marca brasileira é produzida no interior da Bahia. Mais especificamente em Itabuna, onde cerca de 600 funcionários trabalham em fábrica da Penalty capaz de produzir mais de 12 mil bolas por dia. Para a obtenção do selo, o objeto precisa atender a algumas especificações, e o gerente de engenharia Edson Marrero recebeu o blog para explicar como funciona o processo.

A bola de origem brasileira com padrão Fifa é a Penalty S11 Pro, que foi utilizada em 14 estaduais neste ano: Alagoano, Amazonense, Baiano, Catarinense, Cearense, Gaúcho, Goiano, Mineiro, Paraense, Paraibano, Paulista, Pernambucano, Potiguar e Sergipano. Ela possui o selo Quality Pro, o mais alto dado pela entidade gestora do futebol.

Inaugurada em 2000, a fábrica da Penalty em Itabuna funciona 24 horas por dia de segunda a sexta-feira, com três turnos de funcionários. Tem maquinário capaz de produzir 12.300 bolas por dia, e atualmente trabalha com pessoal capaz de produzir 8.800 por dia na somatória de todos os modelos produzidos pela empresa. Outras bolas de futebol são feitas no local, assim como bolas de basquete, vôlei, handebol e outros esportes.

Os diferenciais da Penalty em relação à outra produtora de bolas estão na confecção própria da câmara de ar, feita de borracha, e na tecnologia para juntar os gomos na câmara – ou, em termos mais específicos, para fazer a junção do composto micro celular com a lâmina. O processo completo pode ser acompanhado no vídeo localizado acima deste texto.

A S11 Pro é revestida por 11 gomos: seis no formato de "u", três redondos e dois triangulares. O modelo foi projetado para ter textura semelhante à de uma bola de golfe, o que tem como objetivo dar a ele maior precisão.

De acordo com Marrero, todo o material descartado no corte dos gomos e em outros processos são enviados para reciclagem mesmo com a dificuldade de se encontrar serviços do tipo na região de Itabuna. Assim, o material tem de ser enviado a centros urbanos que podem reaproveitá-lo.

Versões "lisas" da bola, sem a textura citada, estão disponíveis por preços mais populares e se chamam R1 e R2. No caso, o R vem da palavra "réplica".

Na soma de todos os processos que compõem a confecção da S11 Pro, uma bola levaria em torno de 45 minutos para ficar pronta se os passos fossem feitos de maneira sucessiva. Como o processo acontece em escala industrial, as bolas ficam prontas cinco dias depois do início de sua produção.

S11 Pro, bola da Penalty com padrão Fifa (Divulgação/Penalty)

O padrão Fifa

Além da produção, a fábrica de Itabuna também tem funcionários responsáveis pela adequação da bola ao selo da Fifa. Para isso, é preciso se certificar de que a bola atende a todos os pré-requisitos exigidos por meio de uma série de testes.

Para receber o selo Quality Pro, uma bola precisa pesar entre 420 e 455 gramas. Precisa também passar por testes de circunferência e esfericidade, que no caso da S11 Pro são feitos por meio de uma máquina que dialoga com um software no laboratório da fábrica de Itabuna.

Outro ponto fundamental para que a bola receba o selo é sua durabilidade. A Fifa exige que a bola não tenha qualquer tipo de deformação depois de dois mil chutes. Com o uso de uma máquina, a Penalty faz de 3.500 a sete mil chutes para testar cada safra produzida.

Além disso, uma bola precisa ficar no máximo 10% mais pesada com absorção de água para ganhar o selo da Fifa. A Penalty trabalha para que a S11 Pro seja totalmente impermeável e não fique nem um grama mais pesada ao ser molhada. Para testar isso, utiliza uma máquina que comprime a bola contra uma superfície cheia de água.

O padrão de quique da bola também é parte importante na obtenção do selo da Fifa. É preciso que a bola, quando jogada de uma altura de dois metros sobre uma superfície metálica, chegue a 1,35m de altura após tocar o solo. Isso quando está com temperatura de 23º C.

Quando a bola está com temperatura de 5º C, o procedimento é repetido, e a bola precisa chegar a 1,25m depois de quicar. Este teste também é feito no laboratório da fábrica de Itabuna Penalty.

Por fim, a Fifa contrata uma auditoria internacional para checar as instalações e a condição dos funcionários da fábrica. Uma empresa que não respeitar os direitos dos trabalhadores pode perder o selo.

A bola ainda precisa passar por testes semelhantes em um laboratório da Fifa para garantir a obtenção do selo. O processo é custeado pela empresa produtora do modelo.

Por Lucas Pastore
Do UOL, em Itabuna*

* O repórter viajou a convite da Penalty

Sobre o Blog

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