Por que o véu muçulmano esportivo virou um case de sucesso no mercado
UOL Esporte
08/03/2018 09h15
No Dia Internacional das Mulheres, o blog conta aqui de forma breve a história do hijab esportivo, um acessório voltado para as muçulmanas praticantes de esporte – um sucesso recente do mercado internacional, principalmente com a entrada da Nike neste jogo.
Três marcas menores (Capsters, Asiya Sport e Sukoon Active) já haviam identificado uma demanda significativa e produziam modelos esportivos do véu islâmico há quase uma década. Em 2017, um ano depois do êxito de nomes como Ibtihaj Muhammad (esgrima) e Dalilah Muhammad (atletismo) na Olimpíada do Rio, a gigante americana também decidiu lançar sua primeira iniciativa do gênero, com o Nike Pro Hijab.
A ideia de Pro Hijab apareceu quando um grupo de atletas muçulmanos visitou a fábrica da Nike no estado do Oregon, nos Estados Unidos, com queixas em relação à falta do acessório em larga escala no mercado. Até então, competidoras precisavam improvisar, às vezes usando tecidos pouco recomendáveis para a prática esportiva.
"Já usei hijabs de perfomance antes, mas nunca funcionaram para mim. O hijab ideal deve ser leve, respirável e estável. Me movo muito rapidamente no gelo e não posso usar minhas mãos para arrumar nada", afirmou em entrevista recente Zahra Lari, dos Emirados Árabes, primeira patinadora de gelo a competir usando a peça.
No final de 2017, o Nike Pro Hijab esteve entre os vencedores do prêmio "Design do Ano", promovido pelo Museu do Design de Londres. Segundo os juízes participantes, o acessório "pode mudar a cara do esporte para mulheres muçulmanas".
Mas talvez as conquistas mais palpáveis não estejam em prêmios. Na verdade elas vêm de relatos individuais de atletas que tiveram suas rotinas impactadas pelo acessório. A jovem Camrin Hampton chegou a enfrentar problemas com árbitros por causa de seus véus improvisados em quadra, jogando pelo time da escola de Palm Springs, nos Estados Unidos. Então um técnico local deu uma força.
A Nike então enviou algumas peças para a escola de Palm Springs e ajudou a adolescente a enfim se encaixar.
"Eu não sabia o que fazer com as travas de segurança (nos véus convencionais). Os juízes me diziam que eu não podia usar eles em quadra", afirmou Camrin Hampton ao The Desert Sun. "É muito melhor em vários sentidos. O material é feito de modo que entra ar, não fica tão quente. Eu não preciso parar para ficar ajustando durante o jogo, não preciso ser substituída. Adorei", concluiu a jovem.
Por Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
Fotos: Divulgação e Reprodução/The Desert Sun
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