Bola do Paulistão de 2019 será ecológica, inovadora e feita de tecido

A Penalty lança nesta terça-feira, durante o conselho técnico e provável sorteio dos grupos do Campeonato Paulista de 2019, a bola que rolará nos gramados ao longo da competição. O produto tem tecnologia inovadora, pois é fabricado com tecido feito a partir de garrafas pet recicladas – para cada bola, são retiradas do meio-ambiente 4,5 garrafas. De acordo com a fabricante, é "a primeira bola de futebol profissional do mundo com pegada ecológica".

"Houve uma reunião na Fifa em abril, quando eles apresentaram um programa de inovação e tecnologia para quatro anos, até a Copa de 2022. No tópico técnico eles solicitaram que as empresas que fabricassem bola passassem a utilizar material reciclado. Assim que voltamos ao Brasil, começamos a trabalhar nesse projeto e conseguimos colocar de pé já para disputar o Paulista", diz Roberto Estefano, presidente do Conselho da Cambuci, empresa detentora da marca Penalty.

O UOL Esporte teve acesso à bola do Campeonato Paulista de 2019, que se chama S11 Ecoknit. O design é em tons de roxo e laranja fluorescente em fundo branco. Também há um detalhe em vermelho, que é o símbolo da reciclagem, além do nome da marca, da bola, a identidade visual do torneio e detalhes técnicos do produto. O tecido de garrafa pet reveste a bola, e as únicas diferenças perceptíveis são que ela "reluz" menos que as tradicionais e é mais macia, sensível ao contato com o corpo. Normalmente, as bolas são feitas em material sintético sólido, mais próximo do plástico.

Apesar do revestimento de tecido, a bola é impermeável e resistente à abrasão. Ela tem som grave em chutes, cabeceios e defesas, velocidade dentro do que o mercado está acostumado e pouco desvio ou flutuação. Conforme determinação da Fifa, a bola é "elástica", mais rápida do que era tradicional no meio. "É uma ideia meio maluca fazer uma bola de tecido. Quando o pessoal propôs, eu disse que não daria certo, mas tenho que dar a mão à palmatória. A equipe fez todos os testes e a bola ficou fantástica", relata Estefano, que espera a visita da gerência de tecnologia da Fifa à Penalty para observar o processo de fabricação da bola ecológica.

O uso de malhas de fibras sintéticas no futebol não é uma inovação da Penalty. Nos últimos anos, chuteiras em knit viraram regras em campo, desde os lançamentos de Nike e Adidas para a Copa do Mundo de 2014 – as chuteiras com botinhas.

Os clubes que disputam a elite do Campeonato Paulista receberão a S11 Ecoknit a partir de dezembro, para já iniciarem a pré-temporada de 2019 realizando treinos com a nova bola. Também haverá venda para o público comum, com preço mais elevado que o normal, R$ 599.

Apesar da Penalty ter contrato com 12 federações estaduais, só a Série A1 do Paulistão jogará no ano que vem com a bola ecológica, que será produzida em escala reduzida (12.000). Todos os outros Estaduais jogarão com a S11 padrão em 2019 e com a nova tecnologia a partir do ano seguinte em razão do pouco tempo de produção. Até lá, a fabricante espera desenvolver inovações em nome de uma bola 100% ecológica, com tinta à base de água e estrutura interna biodegradável. "É o primeiro campeonato do mundo a jogar com uma bola feita de garrafa pet reciclável", relata o porta-voz da empresa de material esportivo, antes de completar:

"Acreditamos que em no máximo dois anos as matérias-primas feitas com reciclados estarão no mesmo nível de preço de matéria-prima virgem. Não tem alternativa, todos têm que pensar na utilização de material reciclável."

Como serão 12 mil bolas produzidas até o fim de 2019 e cada uma precisa de 4,5 garrafas em sua fabricação, a perspectiva é pelo reaproveitamento de mais de 50 mil garrafas descartadas na natureza.

Por Gabriel Carneiro, do UOL